segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Como conciliar desenvolvimento econômico com o bem estar social?

- Enfraquecimento do sistema neoliberal (após crise econômica 2008).

- Enfraquecimento das políticas sociais utópicas (abertura do mercado da china/cuba, queda do muro de Berlim, fim da URSS).

- Necessidade de investimento em áreas sociais: Educação, Saúde, Cultura, Segurança, etc.

* Meio ambiente: a exigência da preservação ambiental.

BEM ESTAR SOCIAL: DEVER MORAL DE CADA UM

A primeira década desse novo século tem nos apresentado aquele que talvez seja um dos maiores problemas dos últimos século, o desafio de conciliar a busca incessante pelo acumulo de riquezas (neoliberalismo) através do mercado auto regulador com a necessidade de investimento em áreas sociais como educação, cultural, saúde, segurança, alimentação, saneamento básico, etc. Essa conciliação tornou-se um grande problema devido a vários fatores, aqui buscaremos apresentar um resumo desses fatores e qual a real situação do problema.

Karl Marx nos apresentou em suas obras O Capital e Manifesto Comunista que o sistema capitalista era falível, uma vez que, se assentava na premissa da exploração do homem pelo homem, e que por esse motivo, a classe trabalhadora ao tomar consciência de sua alienação poderia se rebelar, criando a ditadura do proletariado e implantando o sistema socialista, onde a distribuição de renda seria eqüitativa e conseqüentemente todos teriam uma condição social melhor. Por outro lado vimos crescer o modelo americano de capitalismo, onde o objetivo maior era o acumulo de lucro, e pautado na maldade e egoísmo humano (tal qual apresentado por Hobbes em sua obra Leviatã) nesse sistema capitalista a tendência é que os recursos, meios de produção e os lucros fiquem concentrados nas mãos de alguns gerando grandes desigualdades sociais.

No entanto, embora Marx tenha influenciado a criação dos Partidos Comunistas em diversas partes do mundo (na primeira metade do século XX), sobressaiu a vontade dos burgueses (uma vez que estes é que possuíam o controle do capital).

Após a crise de 1929 com a queda da bolsa de NY, ficou mais evidente que era necessário políticas estatais intervencionistas como forma de garantir um mínimo de recursos a programas sociais. Mais uma vez, apesar de toda luta socialista, sobressaiu o sistema capitalista (de concentração e acumulo de riquezas), no entanto o capitalismo sofreu mutações, suas bases foram revistas, e passamos então ao estágio do liberalismo, ou seja, liberdade para o empresário/burguês trabalhar da forma que queira dentro do mercado econômico, deixando que o próprio mercado se autoregule e evite a falência. Tal reformulação contribuiu para o enriquecimento de vários paises, e quanto mais se produzia, mas iam aparecendo as diferenças de classes (visto a concentração das riquezas).

Paises como China, Corea do Norte, URSS, Cuba conseguiram implantar formas socialistas de governo, como forma de diminuir as desigualdades sócias, no entanto a longo prazo essas políticas se mostraram falíveis, entrave do progresso nas mais diversas áreas principalmente cientifica tecnológica, o que colocou esses paises em atraso em relação aos demais capitalistas, e embora alguns paises como Cuba tenha quase que erradicado o analfabetismo, o desenvolvimento desse pais se mostrou bastante fraco em relação aos demais, alem de não acabar com a pobreza, insegurança.

Só havia uma saída para esses paises “atrasados”, abrir suas fronteiras e participar do sistema que se mostrava mais seguro e eficaz para o desenvolvimento e diminuição das desigualdades, o neoliberalismo (o capitalismo em sua terceira fase, o do estado mínimo).

Se o capitalismo (neoliberalismo) era capaz de gerar grandes riquezas, também trazia alguns entraves, como a superfaturação dos produtos, capital especulativo, a famosa “bolha” econômica. Tal fenômeno não é novo na economia, no entanto era controlável, até certo ponto. No final do século XX, várias economias começaram a entrar em colapso, como Brasil, Argentina, demonstrando que a qualquer momento o mundo poderia sofrer com uma nova crise econômica mundial. Dito e feito.

Portanto, nós do século XXI teremos que enfrentar o seguinte problema:

O sistema capitalista (liberal, neoliberal), se mostrou como o melhor para gerar riquezas (e precisamos de muito dinheiro pra comprar comida pra todo mundo).

Porém, o principio desse sistema é o acumulo, concentração das riquezas e não a distribuição igualitária da renda.

O programa social utópico (proclamado por Marx) também se tornou ineficaz no combate a desigualdade social e à melhoria da qualidade de vida, visto que, é pobre (economicamente) e esbarra em características da essência humana como egoísmo, VAIDADE, orgulho.

Os paises que adotaram radicalmente o socialismo não conseguiram acabar com os problemas da saúde, saneamento básico, alimentação adequada, acesso cultural, analfabetismo, expectativa de vida, mortalidade infantil, etc.

Uma alternativa viável seria unir a capacidade de gerar riquezas do sistema capitalista (neoliberal) com os programas do comunismo, não sendo radical nem em um nem em outro sistema, a questão é: como fazer essa conciliação?

POR QUE INVESTIR NO BEM ESTAR SOCIAL

Um dos grandes problemas para o investimento privado em questões sociais, é que, aparentemente essa é uma área que não traz lucro alto e imediato, ex.: Por que investir em saneamento básico de um determinado bairro, se não haverá lucro nisso?

A premissa do sistema capitalista (neoliberal) é investir para ganhar, no entanto nas áreas sócias nada se ganha quando se investe. Estará ai uma falácia?? Veremos.

Diversas pesquisas demonstraram que o bem estar do individuo traz como conseqüência uma melhora na qualidade de vida, e tendo uma vida melhor, o individuo poderá realizar suas atividades com mais prazer, além de trazer para si e para o meio em que vive, mais alegria e harmonia.

Grandes empresas, a partir da segunda metade do século XX, ao perceberem isso começaram a investir num ambiente de trabalho mais agradável, menos estressante, além de contratarem psicólogos, personal trainner, nutricionistas, criação de áreas de lazer (dentro e fora da empresa, os clubes). Notoriamente os resultados foram bastante positivos, embora muito empresários ainda não tenham compreendido os benefícios de se investir no bem estar social do funcionário e ainda trabalhe com a máxima capitalista “O trabalhador é apenas uma peça da minha linha de produção, se quebrar eu compro (contrato) outro”.

Ora, num primeiro momento isso pode até funcionar, mas quando não há mais peças novas disponíveis, esta na hora de pensar em novas formas de não gastar/perder as peças que ainda possui.

Não se trata aqui de afirmar que o homem é apenas uma peça no sistema capitalista, mas sim, que ao fechar os olhos a esse problema (mal estar social), todos saem perdendo.

O Empresário

Não podemos ser ingênuos e acreditar que todos têm um bom coração e vá investir em questões sociais apenas pelo dever moral.

- Perde o empresário que vê sua produção diminuir ao passo que aumenta a insatisfação de seus funcionários.

- Perde o empresário que deverá pagar maiores impostos ao governo, uma vez que, este terá que arrecadar mais para prover um estado mínimo de sobrevivência a população (uma vez que, o salário do empregado não é suficiente para isso).

- Perde o empresário que vê diminuir seu faturamento, visto que, o mercado consumidor possui menor poder de compra.

O Estado

- Perde o governo, que vê aumento da desnutrição, mortalidade infantil, numero de pacientes em hospitais, aumento da violência domestica, aumento no uso de entorpecentes (drogas), aumento de conflitos sociais (familiares, e de classes).

- Perde o governo, que não conseguira criar ou desenvolver novos projetos para o estado, visto que, ficam “travados” buscando resolver os problemas sociais (tampando o sol com a peneira).

- Perde o governo, que vê aumentar seu orçamento para “remediar” as várias situações emergenciais e “imprevisíveis” (como as enchentes em São Paulo), quando poderia gastar muito menos se pudesse prevenir tais acontecimentos.

- Perde a sociedade, que ao não ter acesso a educação de qualidade não poderá esperar num futuro próximo grandes cientistas, pensadores, intelectuais, ficando passiveis a vontade e valores das criações externas.

- O convívio social harmônico se torna inviável numa sociedade onde são grandes os problemas sociais, há entrave do progresso, enfraquecimento da economia, aumento da violência, etc...

Incita uma regressão no convívio social, levando o homem próximo ao seu Estado de Natureza (como descrito por Hobbes), vivendo num estado de conflitos constantes e insegurança.

Uma sociedade onde perpetua a baixa e desigual condição social entre seus povos tende a selvageria, tende a tornar “o homem lobo do homem”.

O DEVER MORAL

Aqui trata-se da própria dignidade de se investir em seres humanos, considerando-os como tal, e não apenas como uma máquina ou um número estatal.

Trata-se de valorizar a vida em todos os seus aspectos, considerando o individuo como um animal racional, livre, pensante, portador de direitos e deveres, semelhante e iguais em seus direitos.

Trata-se de promover ao ser humano condições mínimas de sobrevivência, capacitando-o a exercer plenamente suas habilidades sociais, psíquicas, biológicas, físicas.

Trata-se de valorizar e dignificar a vida humana.

Um dever moral de todos que compartilham da mesma existência social, visto ser o homem um animal tipicamente político.

Portanto é mister, necessário, inegável e urgente o investimento num Estado de Bem Estar Social.

Apesar de todos os desafios e batalhas que devemos travar para atingir tal objetivo.

A questão do Meio Ambiente

Indubitavelmente o Bem Estar Social é pré-requisito para a coexistência humana, um Estado de Bem Estar Social é onde não há grandes diferenças entre classes, os problemas são mínimos ou zeros (ex. segurança, cultura, educação, saneamento básico), e também aquele que propicia a conservação do meio onde vive, protegendo assim a vida em todos os seus aspectos.

Tem tomado grande relevância na mídia nos últimos anos a degradação que o homem vem causando ao Meio Ambiente (embora o problema não seja novo), através do desenvolvimento urbano (criação de fabricas, carros, aumento no numero de pessoas, do consumo, etc) o homem tem interferido negativamente no processo cíclico natural do ambiente, transformando-o, de tal forma que suas conseqüência tem trazido malefícios aos humanos, ameaçando sua existência. Assim, atrelado aos investimentos sociais já necessários historicamente (conforme descrito acima), hoje em dia devemos também nos preocupar e investir na conservação do meio no qual vivemos, ou seja, da natureza, do contrário não haverá espaço habitável para desenvolver as tão necessárias políticas sociais.

Uma vez que o problema é social (ou seja, da sociedade), ele não é apenas dos empresários ou governantes, e sim de todo aquele que convive em sociedade, ou seja, todos nós.

Tal consideração é importante, pois não basta apenas um modelo econômico viável, um governo interessado e conscientização da massa dominante se cada um de nós não fizermos nossa parte.

Portanto, o problema a ser resolvido não seja apenas como conciliar desenvolvimento econômico com bem estar social e sim “O que cada um de nós enquanto cidadão, governante, empresário deve fazer para possibilitar essa conciliação e um convívio melhor, uma melhor qualidade de vida para todos?”.

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