terça-feira, 11 de março de 2008

Bioética - células troncos


O que é?
Célula (mãe) que possui a capacidade de se transformar em qualquer outro tipo de célula do corpo humano.

Objetivo pesquisa:
Tratamento de doenças genéticas – Reprodução (Clone)

No Brasil, foi aprovado pesquisas com células troncos, a partir de 24 de Maio de 2005, através da lei de Biosegurança 11.105/2005.

Banco de Genes:
Estoque de embriões em fase não fetal, que permite isolar e alterar os genes das células troncos.

Acredita-se que essas pesquisam possam dar nova oportunidade de vida à pessoas que sofrem de doenças genéticas, como cânceres, ou ainda, possibilitar a criação de órgãos sobressalentes como coração, fígado, rim, olhos, dentes, etc. Outro beneficio que as pesquisas podem trazer, é a possibilidade de clonar seres humanos, possibilitando que mulheres estéreis possam realizar o sonho de serem mães.

O atual estágio das pesquisas mostra que, embora em alguns casos o clone de fato ocorre, ainda não se sabe exatamente como isso funciona. O mesmo ocorre com os órgãos sobressalentes, embora já tenha noticiado que foi possível transformar uma célula tronco em órgão (Ex.: Rim), os cientistas não sabem exatamente como isso ocorre, dificultando assim um controle exato sobre o processo.

O que os testes mostram é que, na maioria das vezes a manipulação da célula tronco (alteração/manipulação/reorganização do DNA) não traz o efeito desejado, ou seja, o que acaba crescendo é uma bola de carne com todos os órgãos desorganizados (cabelo, dente, ossos, olhos, etc, os chamados tumores) que os cientistas chamam de “testes negativos”. Não custa lembrar que no primeiro caso famoso de clonagem (A ovelha Dolly) foram necessários 277 testes para conseguir o clone, ou seja, em 276 vezes o resultado da manipulação genética não foi o desejado.

Além dos problemas técnicos que as pesquisas de células troncos enfrentam, outro fato tem ganhado importância nas pesquisas, é a questão sobre a ética dessas pesquisas. Também conhecido como Bioética (ética sobre o estudo/manipulação da Vida).

Baseado numa tradição Cristã acredita-se que a vida do ser humano é algo sagrado e não se pode violá-la, no entanto não há um consenso de o que é ser um Ser Humano, ou seja, a partir de que momento podemos dizer que um determinado pedaço de carne (orgânico, vivo) adquiriu o status de Ser Humano, e por isso não podemos violá-lo.

Histórico (origem da vida humana)

Na antiguidade, pensadores como Platão e Aristóteles acreditavam que a vida humana iniciava a partir do 40º dia de gestação (para os homens) e a partir do 90º de gestação (para as mulheres), assim se houvesse pesquisas genéticas naquela época, não haveria a questão sobre ética, pois as pesquisas com células troncos é feito com “embriões” que ainda não atingiram nem uma semana de vida.

Esse marco para o inicio da vida humana foi aceito por pensadores como Santo Tomaz de Aquino e Santo Agostinho, e a tornam a visão oficia da igreja. E consequentemente de todo pensamento ocidental.

Em 1588 o Papa Sixto V irá condenar qualquer tipo de aborto, pois considerava que mesmo antes do 40º dia de gestação já havia um feto em desenvolvimento, e por ser gerado por um ser humano, o feto também era um ser humano e tinha direito a vida (inviolável). A desobediência a essa determinação era punida com excomunhão pela igreja.

No entanto o papa Gregório XIV (contemporâneo de Sixto V) irá liberar o aborto de fetos. Pois embora o feto seja um ser vivo ele ainda não teria uma alma (animada), portanto ainda não era um ser humano, e sua vida poderia ser subtraída.

A partir de 1869, o papa Pio IX irá condenar novamente qualquer tipo de aborto, pois considera o feto um ser humano com vida e alma humana. Isso ocorre principalmente pelo surgimento das primeiras descobertas de que antes de haver um feto, há um embrião, e que, esse embrião biologicamente tem todas as características de um ser humano adulto, portanto o embrião já é um ser humano e tem direito a vida (inviolável). Pio IX também tinha consciência de que, a vida da criança não surge no ventre da mãe; essa apenas a desenvolve. Isto porque, o espermatozóide e o Óvulo são organismos vivos e considerados partes de seres humanos, ou seja, a vida não se inicia com o embrião, o que há é a junção de dois organismos que já estão vivos (no pai e na mãe).

Essa é a visão que temos ainda nos dias atuais. O Papa Bento XVI assim que assumiu o pontifício declarou que condena qualquer tipo de aborto, em qualquer fase do desenvolvimento do feto/embrião. Pois para a igreja, o espermatozóide e o Óvulo são perpetuações da vida dos pais, portanto em qualquer estágio que se faça o aborto ou manipule seus genes, estaremos matando um ser vivo com direito a vida (inviolável).

Devemos lembrar que, como a igreja cristã tem grande influência no mundo ocidental essa visão acaba perpetuando no senso comum também, no entanto essa visão não é unânime, não é defendida por todas as religiões. Por exemplo, o Budismo e o Judaísmo permitem se faça abortos quando há riscos para a saúde da mãe.


Mesmo na comunidade científica não há um consenso onde começa a vida, pois do ponto de vista técnico a Vida está em todo organismo vivo, seja numa bactéria, numa única célula, num óvulo, numa ameba ou num elefante, ou seja, se não há problemas em manipularmos pequenos insetos, fungos, bactérias (que ajudam a melhorar a vida do homem, como por exemplo, o fungo responsável pela produção artificial de insulina, que permite salvar a vida de milhões de pessoas), porque haveria problemas em manipularmos genes humanos. Do ponto de vista técnico os dois (bactérias e órgão humano) são seres vivos.

Embora a discussão sobre as questões éticas das pesquisas com células troncos ainda não tenha alçado a maioria da população mundial (que é a quem se destina a pesquisa), alguns paises já liberaram as pesquisas com células troncos e clonagem humana (como Coréia do Sul, China, Cingapura) e outros embora não esteja liberado oficialmente, sabe-se que já estão realizando esse tipo de pesquisa (casos de Brasil, Estados Unidos, Europa).




QUESTÕES ÉTICAS ACERCA DAS PESQUISAS COM CÉLULAS TRONCOS:


- É ético manipular seres vivos, cruzar espécies, selecionar melhores genes?

- O homem, assim como todos os outros animais também é um ser vivo, no entanto o que garantiria ao homem um status de superior em relação aos demais animais, fazendo com que sua vida seja sagrada, ao ponto de ser inviolável? Por que não é ético manipular a Vida dos seres humanos?

- É ético tentar criar vida? E matá-la?

- O embrião/feto tem direito a vida? Segundo o código civil brasileiro só é possuidor de direitos civis o ser humano (que possui características de humanos) quem tenha manifestado vida, mesmo que por um instante breve. (mesmo que o feto morra no ventre e nasça morto). No entanto, o direito a Vida é um direito natural ou um direito civil? Sendo um direito natural, quem garante?

- Quando começa a vida dos seres vivos em geral, e a do ser humano?

- Se o objetivo das pesquisas com células troncos tem como objetivo salvar a vida de seres humanos, será ético continuar com esse tipo de pesquisas (gastando milhares de dólares), enquanto que milhares de pessoas morrem de fome todos os dias. Se o objetivo é salvar vidas, não estamos sendo contraditórios deixando milhares de pessoas morrerem de fome, enquanto gastamos dinheiro na esperança de que obteremos uma tecnologia para salvar pessoas?

- É natural aos seres humanos a seleção (escolha dos melhores), podemos ver isto em todos os momentos de nossa vida, seja na ciência, na política, na música, ou até mesmo com o namorado, sempre estamos buscando escolher e escolher o melhor. Considerando que seja possível fazer clones perfeitos (embora todas as pesquisas apontem o contrário), não correremos o risco de no futuro os seres clonados serem preteridos ao “normais”, o que poderia ocasionar um 4º Reich?

Um comentário:

PALESTRAS SOCIAIS E MOTIVACIONAIS disse...

Pelo que vejo você não tem muita noção do que é uma existência de um ser. Você não consegue ver o ser humano como algo transcedente que ultrapassa a si mesmo, bem na verdade nem os ratos de laboratório poderiam ser tratados, toda vida deve ser preservada a qualquer preço precisamos manter o equilíbrio e a harmonia que o planeta tem em sí próprio, o homem brincando de Deus, vai causar o seu próprio fim, buscando algo proibido.